quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Mais um reconhecimento do meu trabalho literário!

Um texto meu recebeu menção honrosa no Concurso de Narrativas de Morro Reutes, no RS . Fiquei contente com esse apreço ao meu trabalho!!!!Compartilho, então, o texto premiado:


Fabulosa Paixão
Luciane Couto
Assim que desceu da moto e começou a caminhar pela praça, eu sabia que seria ele. A tarde era fria, e eu esperava entediada sob um rasgo de sol que me alcançava. Àquela hora, grande parte dos amigos que iniciaram o dia na praça comigo já tinham ido embora, acompanhados; alguns felizes, outros apenas resignados. Não era a primeira vez que eu ali estava e já estava perdendo as esperanças de que seria a última, até avistar o homem de testa franzida, pronunciada sob as frestas da franja comprida do negro cabelo que quase escondia seu olhar gentil. A barba por fazer revelava um homem pouco vaidoso, no entanto certo de sua beleza máscula, mesmo que os lábios finos remetessem a um quê pueril. As pernas longas, ornadas pelo jeans surrado, o traziam em firmes passadas em minha direção, e daí não relutei em ser clichê: alinhei minha espinha, deixei minhas ancas se pronunciarem num ângulo favorável, conferi discretamente se ainda tinha em mim o aroma cítrico do sabonete do último banho tomado (a contragosto, confesso) e busquei estampar meu olhar de Capitu. E permaneci em espera, repetindo mentalmente meu gasto mantra: “que ele não prefira as clarinhas que aqui estão, que ele não prefira as clarinhas...” (sim, eu não sou portadora de uma autoestima elevada, resultado da constatação diária do olhar do outro sobre mim, onde eu lia que minha negritude não remetia à fortuna. E pelo fato de viver há tempos num lar provisório, cedido a mim e a alguns outros como um favor, desde que deixei a proteção das asas de minha mãe - talvez asas não retratem bem o que eu tinha junto a minha mãe, mas ainda assim a lembrança materna era algo que me remetia à sensação de aconchego, agora tão distante e nebulosa. Além disso, eu também tinha plena consciência que a ampulheta do tempo já levava minhas formas Lolita, o que dificultaria ainda mais o encontro com alguém para eu chamar de meu). Na praça, eu continuava naquela fatigante espera, agora sustentada pela falsa autoconfiança onde me empertiguei, enquanto ele andava e observava todas as outras que também e ainda aguardavam na tarde outonal. De repente, ele parou à minha frente e me encarou, ensaiando um sorriso. Então eu vislumbrei que ele também ali soube, naquele segundo crucial onde nossos olhares se cruzaram, que seria eu. Depois de alguns protocolos cumpridos, me conduziu, decidido e zeloso, e me acomodou da melhor e mais segura forma possível na garupa de sua moto. Eu me sentia inadequada e apreensiva enquanto a moto traçava um caminho que nunca antes percorri, mas pouco depois parou. Chegamos. A casa dele. O mundo dele. Eu entrei ali para ficar. E nascia ali aquela rotina confortável: refeições compartilhadas na noite (o peixe que ele me preparava era meu preferido), minha diária e agitada espera pelo seu retorno do trabalho, quando muitas vezes ele me trazia um mimo (mimos que quase me divertiam quando das horas solitárias no apartamento pequeno)... Logo na primeira semana, ele
ornou meu pescoço com um lindo colar; eu não era especialista em joias, mas aquela gargantilha com meu nome gravado me parecia linda, cara de afeto e deixava explícita que a ele eu pertencia. E declaro, sem pudor, que adorava esse sentimento inédito de pertencimento a alguém, e essa certeza continha em si um bálsamo para todas as privações que eu deixara para trás. Já estamos juntos há alguns anos e ainda não me cansei de me aconchegar toda noite em sua cama e calor, confortando-me no seu cheiro almiscarado, enquanto aguardo um afago antes que ele durma, sereno. Acordo cotidianamente antes dele, e vigio seu despertar, quando então ele me dirigirá aquele afetuoso bom dia, e eu, sempre dissilábica, retrucarei: “miau”...

Lançamento do meu livro!

Convite


Um fim de tarde, café, doçuras e poesia, muita poesia. Quer compartilhar destas venturas comigo? Então convido a você e aos demais apreciadores de literatura a comparecerem ao lançamento do meu livro de poemas: Composição.

Data: 25/11/2016  sexta-feira
Horário: 17 às 20 horas
Local: Cafeteria Will Coffee
            Rua Rio Marabás, 146, Novo Riacho - Contagem
           
Conto com sua presença para acolher esta minha Composição!

                                                                                                Com todo meu apreço,
Luciane Couto


domingo, 20 de novembro de 2016

Uma vista para chamar de minha

Em minha passagem por Gramado, há alguns dias, tive a fortuna de me hospedar num quarto com vista para o Vale do Quilombo. Quase que não saia do quarto, só para ficar admirando a vista. E não é mesmo linda?

domingo, 6 de novembro de 2016

Quarto de Mario Quintana

Voltei a Porto Alegre nessa semana, onde pude assistir a uma palestra sobre a narrativa de terror e suspense, ofertada pela Feira do Livro de Porto Alegre, que nesse ano já está na sua 62° edição. Também pude adentrar (finalmente!) na Casa de Cultura Mário Quintana, e conhecer o quarto do poeta (foto acima), que viveu no local quando ali era o Hotel Majestic. Os detalhes do quarto deixam a impressão que o poeta acabou de deixar o aposento para pescar mais poesias nas ruas de Poa...

Foi uma semana de várias viagens, inclusive com uma nova visita a Confeitaria Colombo, no Rio. Renovei-me e voltei mais fortalecida para lidar com o luto: um tio querido morreu nessa sexta, aos cinquenta e nove anos... São os ônus e bônus de se viver.